3.7.09

Desejo inteiro


Sinto-me sufocar.

Sufoco, amarrada à vida que não quero viver mas que não tenho coragem para mudar.

O meu corpo é a prisão onde o ar um dia entrou... até ao momento em que se esgotou. Até este momento em que preciso de respirar de novo. Enquanto luto para vir à superfície, a vida esgota-se em mim.
Sinto-a e vejo-a, à minha frente.
E sei que sou só um corpo privado de se sentir vivo. Sou um corpo animado pelo último sopro, pela última oportunidade de ser feliz. Sou uma sombra do que fui e do que posso vir a ser... se eu tiver a coragem e a força para vir à tona.
E respirar o ar de que preciso.

Quero deixar de ser este corpo preso no fundo, apenas nu e despido de vida, da vida que nos obriga a respirar.
Preciso respirar, preciso rasgar as cordas que me atam porque tudo o que em mim vive tem de respirar. Quero voltar a sentir-me viva, quero porque preciso de voltar a sentir o ar dentro de mim. Preciso que tudo mude, como preciso de respirar, sei que esta luta pelo meu ar é o caminho de saída daqui. De onde não sou feliz.

Quero com todas as forças de cada célula no meu corpo, com este desejo inteiro, emergir e respirar de novo. É com esta força de sobreviver que sei que vou sair daqui.
E respirar.