27.2.06

Ouvir falar do que só se pode sentir


Ouvi falar daquilo que não se fala... só se pode sentir. Aquilo que não há palavras que possam exprimir... Aquilo que é um sentimento, precioso, forte, raro, mal tratado e que virou a melhor desculpa para quase tudo o que se faz de errado... E diz-se: é por Amor.
Tretas.
As pessoas que escutei falaram, falaram, perfeitos na sua teoria, cheios de explicações e experiências comprovativas. Uns mais fundamentalistas, outros talvez um pouco mais abertos à mudança... de opinião acerca do que poderá (vir a) ser o tal de Amor. Ouvi falar de tudo o que, dentro da tematica do bendito Amor, se pode falar. Relações de todo o tipo, duração e natureza, casamento, adultério, parentalidade, infidelidade, traição, poligamia, mentira, fantasia, sexo e até incesto. Um turbilhão de coisas se passaram na minha cabeça. À medida que ía ouvindo tentava retirar o verdadeiramente importante do que se ía dizendo. E no fim... pude tirar as minhas próprias conclusões. A saber...
... O Amor (que só por respeito por aquilo que um dia terá sido, o escrevo com maiúscula) será um grande erro. Uma armadilha da vida. Tira-nos a racionalidade, o bom senso... até o, cada vez mais necessário, egoísmo. Só nos faz tropeçar, para nos ver cair e testar a nossa força no levantar do chão. Ou não. Quando o vivemos só o queremos tirar de dentro de nós, quando não o sentimos só o queremos encontrar... Porque é de um doce-amargo que não nos deixa decidir, porque nos vicia na substância boa de sentir a correr nas nossas veias, porque só assim o beijo faz sentido, porque as lágrimas se tornam mais quentes, porque nos faz sentir atordoados, enlouquecidos e nós até gostamos... de cair.