16.7.06

"E a vida encurrala-me aqui, neste espaço. É um espaço pequeno, de onde não posso escapar... Não há alternativa: chegou o momento de conversarmos.
É tempo já de nos olharmos nos olhos e deixarmos de nos tentar esconder.
Não há porque fugir... haverá?
Por acaso será fugir mais fácil do que enfrentar de uma vez o que só espera para acontecer? Quando o sono já não chega e palavra nenhuma nos convence, não podemos adiar mais.
A distância destrói na medida em que se mantém como uma morte imposta pelo espaço entre duas pessoas. E não há como ignorar a dor.
A dor de esquecer mais um episódio feliz ou triste, de acordar de mais um sonho que se alongou para lá do sono. É um acrescentar de cicatrizes, numa pele já tão marcada que chego a pensar não haver mais espaço para outra marca...
Tudo vivido tão intensamente que me esqueci de acordar, que me esqueci que não podia ser por aqui. Perdi-me num caminho qualquer à medida que queria chegar mais e mais dentro do sonho, mais e mais dentro de ti....
Serve-me agora uma aparência forte, de nada-me-abala. Fria ou insensível. Seja. Chegou a hora de me fechar para o fechar das feridas. Dói-me a dor e dói-me o esforço de a engolir, de a prender bem dentro, junto das outras dores.
E tenho a sensação que não aguento da próxima vez.
Não foi a primeira vez, nem será a última.
Até à próxima."