27.2.06

O mais breve ensaio sobre a cegueira

Parece-me que andamos todos trocados. Parece que andamos todos em sentido contrário. Aos tombos e encontrões, como cegos. Parece-me que invertemos as prioridades, que nos baralhámos no timming de viver a coisa certa no momento certo. Às vezes dá-me a sensação - que quase vira certeza - de que andamos de olhos fechados em pleno dia e de noite os abrimos com toda a força e vontade de ver no escuro o que esteve lá o dia todo... mesmo à nossa frente, na luz. E assim estamos sempre cegos. Não se aproveitam - porque não se vêem - as oportunidades que surgem, e depois vem o queixume tão conhecido e por todos já dito..."não tenho sorte nenhuma...". Não tem nada a ver com sorte ou falta dela. O problema é não estarmos despertos, não abrirmos os olhos para o que nos rodeia. Para as oportunidades de sermos felizes... que surgem todos os dias.
E nisto, gera-se aquela insatisfação, aquela frustração de sentirmos que há qualquer coisa errada nas nossas vidas - na qual esbarramos incansavelmente, como cegos - mas que não sabemos o que é, ou que sabemos perfeitamente o que é mas não convém assumir que se sabe o que é... porque não se tem a coragem necessária para mudar. Para abrir os olhos. E ser feliz.