26.3.06


É quando choramos que damos com a vida em toda a sua miséria e esplendor.
E é nesses momentos que a tristeza e o desespero nos tornam mais lucidos nas análises e reflexões. Nestes momentos o corpo contraia-se, curva-se sobre si próprio. Procura a origem, onde conhecemos a nossa primeira - e para alguns a única - paz, onde o mal não nos chegou. E quase se consegue adormecer a dor. Tudo porque queremos renascer, voltar atrás, a tempo que a felicidade nos atinja de novo. E nesses momentos prometemos o que for preciso.
Tornei-me tão cheia de cicatrizes que por vezes me endurecem o músculo das emoções. E perco a capacidade de chorar. O automático saltar das lágrimas em resposta a uma angústia, quase reflexo condicionado, anula-se. E por isso pareço forte. Porque fui perdendo essa água fácil.
Não que não sinta. Não que não te sinta e não te queira mais que tudo. Aliás,... só tu me fazes esquecer das cicatrizes que me prendem o coração. Só tu me fazes querer sonhar para além do que talvez devesse. E espero por ti, pelo dia em que poderei adormecer qualquer dor nos teus braços.