11.4.06

Laços


Laços... que trazemos no coração, outros nos braços... Laços que lançamos, laços que amarramos, laços que nos amarram, laços que nomeamos... E os nossos Laços, de que tecido ou corda foram feitos? De confiança?
De amor?

Vulnerável,
Como não é aceitável ser
Instável,
Como todo o emocional
Em desequilíbrio
E pleno temor
Perdão pelo desespero iminente
E sofreguidão quase demente
Perdão
Por tudo aquilo que não fiz
Por tudo aquilo que nunca fui
Perdão por algumas coisas
Que não poderei ser jamais
Perdão por minhas lágrimas
Já que não vejo orgulho em chorar
Perdão por não ser
E não conseguir ocultar

7.4.06

Olhar sem ver...


Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinzas
e despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

5.4.06


- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu o principezinho com delicadeza. Mas ao voltar-se não viu ninguém.
- Estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira.
- Quem és tu?, disse o principezinho. És bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Anda brincar comigo, propôs-lhe o principezinho. Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo, disse a raposa. Ainda ninguém me cativou.
- Ah! perdão, disse o principezinho. Mas depois de ter reflectido, acrescentou:
- Que significa “cativar”?
- Tu não deves ser daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os Homens, disse o principezinho. Que significa “cativar”?
- Os Homens, disse a raposa, têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?
- Não, disse o principezinho. Ando à procura de amigos. Que significa “cativar”?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Isso mesmo, disse a raposa. Para mim, não passas, por enquanto, de um rapazinho igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás único para mim. Serei para ti única no Mundo...

4.4.06

Um mojito feito com amor...


Rum
Açucar de cana
Sumo de limão
Folhas de menta
Água com gás
Gelo picado



... e é tudo o que é preciso para se fazer alguém feliz...



... lembrando o poder que as pequenas coisas podem ter na nossa vida... lembrando que o mais importante é partilhar esse pôr-do-sol que há-de vir, esse fim de tarde calmo, passado em silêncio, no som de um beijo que espera para acontecer... com sabor a menta.
... ninguém me convence que não és tu...


... porque ninguém me convence que os contos de fadas não nos acontecem ... senão ninguém os contava...

... porque mesmo quando tudo é difícil existe o momento do descanso ... em que retemperamos forças...

... e voltamos a lutar pelo nosso final feliz. O nosso conto de fadas.


Amar é a eterna inocência
E a única inocência é não pensar...
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos