30.3.06




Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente

para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

26.3.06


É quando choramos que damos com a vida em toda a sua miséria e esplendor.
E é nesses momentos que a tristeza e o desespero nos tornam mais lucidos nas análises e reflexões. Nestes momentos o corpo contraia-se, curva-se sobre si próprio. Procura a origem, onde conhecemos a nossa primeira - e para alguns a única - paz, onde o mal não nos chegou. E quase se consegue adormecer a dor. Tudo porque queremos renascer, voltar atrás, a tempo que a felicidade nos atinja de novo. E nesses momentos prometemos o que for preciso.
Tornei-me tão cheia de cicatrizes que por vezes me endurecem o músculo das emoções. E perco a capacidade de chorar. O automático saltar das lágrimas em resposta a uma angústia, quase reflexo condicionado, anula-se. E por isso pareço forte. Porque fui perdendo essa água fácil.
Não que não sinta. Não que não te sinta e não te queira mais que tudo. Aliás,... só tu me fazes esquecer das cicatrizes que me prendem o coração. Só tu me fazes querer sonhar para além do que talvez devesse. E espero por ti, pelo dia em que poderei adormecer qualquer dor nos teus braços.

20.3.06


Sinto-me capaz de o reconhecer se o vir passar. Sei que já muitas vezes o confundi com a necessidade de preencher o vazio, com a saudade de quem não volta mais, com a amizade que dava tudo para que fosse amor. Sei que o reconheceria... porque já tantas vezes o procurei no sítio errado, que aprendi onde não o vou nunca encontrar. Se lhe vir o rosto... os olhos, as mãos... Tudo me pode mentir, como já mentiu. Mas não os olhos. Não as mãos. Que esses não mentem. E nesse momento em que encontrar o que é verdadeiro e veio para ficar, vou confiar no que era estranho e desconhecido. Naquilo que me assusta... mas que não mente.

17.3.06





E se te olhasses no espelho
De frente
Sem medo
O que vês?

14.3.06

Febre


Com a febre de te dizer
nas frestas das palavras
entra a palavra amar
no encalço da felicidade
que só junto de ti encontro
podemos cortar todas as veias
deixar escorrer o sangue pela voz
lentamente até o papel ficar exangue
ou cerrar num abraço a morte
e amar
amando o que amar importe

3.3.06

Sabes dizer-me porquê?
Porque não vivemos os nossos sonhos, tão a tempo de sermos felizes?
Porque deixamos correr os dias... passar por nós leves de indiferença... e tão pesados no seu passar... Porquê?
O dia que não volta mais é este que vivemos... que não valorizamos por pensar que não vale a pena lutar para que os dias passem por ti, por mim, por nós de uma maneira diferente...
E tudo sería tão diferente.
O meu coração cabería na tua mão... fechado no teu abraço.
Para sempre.

Entendimento


Ouvi-te.
Vi-te de perto.
Tão perto que estavas dentro dos olhos que te viam.
E parece-me que não entendi nada.
Quis compreender. Sempre.

Entendi o que o coração tinha vontade de entender.
Vi o que os olhos quiseram sonhar acordados.
Ouvi-te.
Cumpro o que te prometi.

O silêncio


... que diz tudo.
Que se sobrepõe ao que sentimos.
E quando o que sentimos é uma certeza mas não nos deixam estar certos, naquele lugar... porque não nos pertence...
Durante a noite, o silêncio é ainda maior. Fica apenas... e só... um corpo contorcido e infeliz pelo choro, que me acompanha nos sonhos que morrem devagar.
Ficarei em silêncio.
Porque ele dirá tudo o que eu precisar de saber.