9.3.08

O amor é uma estrada da qual não se vê o fim.
Ela pode ser curta como um instante
Ou ser comprida como a própria vida.
Ela pode criar a ilusão de ser absoluta na fugaz
Realidade emprestada, ou, por fim...
Apenas um bocado do quase nada que restar.
O amor pode tudo se o invejoso despeito deixar;
Uma maçã grávida lançada no infinito
Chocando a serpente dentro dela...
Ele pode ser o louvor de todos os sentimentos,
E a penitência para o pecado não cometido.
Tem sido assim desde o princípio no paraíso,
Como um mal preciso ao equilíbrio universal.
Pode ser o grito do peito rasgando a camisa...
A verdade sem sentido de quem mente...
A brisa agonizante quebrando a vidraça da janela,
Ou o juramento de amar para sempre.
O amor pode ter a ordem ou desordem confusa...
Luz difusa de palavras habituando a alma
À ilusão do eternamente.
Nalgum lugar do caminho, uma mancha o aguarda.
Oculta, nas sombras da indiferença, ela espreita...
Quando os enamorados tardam em promessas,
Ela, que tem pressa, se aproxima crescendo
Faminta de desamor e lança dolorosas suspeitas.
Um clarão, vindo nunca se saberá de onde,
Vem com intensidade e desfaz a luz que parecia
Ser tamanha e abocanha sonhos...
A labareda das ventas do dragão queima o amor,
E o sangra...
O tomba...
E, sem dó, o reduz a pó,
E semeia a dor na paz que era do coração...
E a escuridão onde havia apenas uma sombra.
Um vento vindo da eclosão calada dos mistérios,
Vem e leva a poeira dos desejos veementes,
Para o silêncio da resignação sem esperanças,
E reduz tudo ao nada, friamente...sem piedade...
Porém resiste uma lembrança gravada para sempre,
No distúrbio quase demente do sofrimento.
Assim tem sido,
E assim será, independente da nossa vontade.















A.M.F.