30.5.06

Espero

A beleza que existe em qualquer espera é esta mesmo...
A de vislumbrar luz onde ela pode nem existir...
Mas ainda assim querer acreditar que seguimos no caminho certo
E que havemos de chegar ao sítio onde descansa o nosso sonho.
E é por isso espero...

19.5.06

A cor da chuva














Quero chorar à chuva
Que se chorar na chuva
Ninguém vai notar a cor das lágrimas
Ninguém vai crer que haja lágrimas sempre iguais
Quero que caiam mais temporais
Que não haja chapéus
Nem telhado ou chão que possa abrigar-me
Quero apenas viver na chuva
E encharcar as poças
Salpicar as gotas
Molhar as nuvens

11.5.06

Agora nós


Agora que o teu meu mundo é o meu mundo
Agora que as tuas lágrimas brotam dos meus poros
Agora que o meu coração está mais dependente do teu coração
Minha alma mais ligada à tua
E meus passos não são alheios aos teu caminhar
Caminharemos juntos
Porque só juntos iremos chegar
Onde só chega
Quem não te medo de naufragar

10.5.06

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.

9.5.06

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada,
Assim a mesma dita realidade existe, não o sendo pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

When we two parted
In silence and tears,
Half broken-hearted
To sever the years,
Pale grew thy cheek and cold,
Colder, thy kiss;
Truly that hour foretold
Sorrow to this.
The dew of the morning
Sunk, chill on my brow,
It felt like the warning
Of what I feel now.
Thy vows are all broken,
And light is thy fame;
I hear thy name spoken,
And share in its shame.
They name thee before me,
A knell to mine ear;
A shudder comes o'er me...
Why wert thou so dear?
They know not I knew thee,
Who knew thee too well..
Long, long shall I rue thee,
Too deeply to tell.
In secret we met
In silence I grieve
That thy heart could forget,
Thy spirit deceive.
If I should meet thee
After long years,
How should I greet thee?
With silence and tears.

8.5.06

3.5.06

Tua

Digo-te que serei tua eternamente
Ainda que não saiba quanto tempo temos
Talvez trema
De medo
Ou do amor que antecede
A despedida da fantasia
E a volta à realidade
Em que as longas horas do dia
São pura crueldade

Prometi
Jurei
Vivemos o que não podíamos
Nas poucas horas escuras
Que aconteciam por nós
E sem nos pertencermos
Juntos, estávamos sós

Tempo

O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar...

1.5.06

Estou só... só a pensar em ti.
Penso no que o teu sorriso faz nascer em mim.
No que de bom acontece em mim quando estás aqui... de onde ninguém te tira.
E aí, nesse instante em que te sinto perto apesar da distância grande demais para ser vencida pela simples vontade de te ver... ganho asas... e vontade de sonhar... e vou para longe.
Para bem longe daqui... onde só, penso em ti.
Chego onde as coisas valem pelo que significam.
Onde se dorme pouco, para se sonhar mais ainda... Onde ando quando os outros param, acordo quando os outros dormem...
Onde deixo a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma...
Para que a vejas tal como é e transparente me sintas tal como te sinto...
Sempre perto.
E...
... num momento que dura menos que qualquer sono, acordo e vejo...
... que acordei enquanto os outros dormem, com a alma a descoberto, de um rosto só... só a pensar em ti.